Psicologia Positiva – Uma Quebra de Paradigma

Este artigo tem como objetivos: 1) apresentar a Psicologia Positiva, um movimento iniciado por Martin Seligman no final da década de 90, este visa estudar as potencialidades e virtudes humanas, emoções positivas, trabalhando as condições e processos que contribuem para a prosperidade de indivíduos, grupos e comunidades; 2) apresentar algumas teorias dessa nova ciência; 3) e apresentar algumas aplicações da Psicologia Positiva.

A Psicologia preocupou-se em estudar e pesquisar o “lado negro” do ser humano, isto é doença, defeitos, fraquezas, falhas e dificuldades humanas, negligenciando assim os aspectos saudáveis.

Segundo Snyder e Lopez (2009), a Psicologia Positiva visa investigar as qualidades dos indivíduos ajudando a promover o seu funcionamento saudável. A ciência e a prática da Psicologia Positiva estão voltadas para a identificação e compreensão das qualidades e virtudes dos seres humanos, bem como para auxiliar a construção de vidas mais felizes e produtivas (Snyder e Lopez, 2009). Para Paludo e Koller (2007), essa nova proposta científica objetiva melhorar a qualidade de vida e prevenir patologias.

Sheldon e King (2001) definem a Psicologia Positiva como o estudo científico dos aspectos virtuosos presentes nas pessoas, o que demonstra a preocupação central do movimento, que seria estudar o típico, usual e comum na maior parte dos indivíduos, compreendendo os aspectos típicos como sendo os saudáveis e positivos.

A Psicologia Positiva não condena o restante da Psicologia, ao contrário, o seu objetivo não é negar o que é ruim, vai mal, a doença ou aspectos desagradáveis da vida.

A Psicologia Positiva reconhece a existência do sofrimento humano, situações de risco e patologias, no entanto, não está restrita apenas a reparar o que há de errado ou o ruim, mas (re) construir qualidades positivas.

O tratamento psicológico e as pesquisas não devem pretender apenas consertar o que há de errado, descobrir o que está quebrado ou não funciona adequadamente, mas fomentar e nutrir aquilo que existe de melhor nas pessoas. Para Seligman (2002), a Psicologia é mais que uma simples filial da Medicina, preocupada com a doença, envolvendo o trabalho com a educação, o afeto positivo, a superação e crescimento.

Histórico da Psicologia Positiva

A Psicologia Positiva teve início em 1998, quando Seligman assumiu a presidência da American Psychology Association (APA). De acordo com Seligman, a Psicologia vinha, até então, negligenciando o estudo dos aspectos virtuosos da natureza humana.  Isto pode ser confirmado por meio de uma pesquisa no banco de dados do Psyinfo.

Paludo e Koller (2007) ao utilizarem a palavra chave “depressão” encontraram 10382 artigos relacionados ao tema entre 1970 e 2006. No entanto, encontraram apenas 4711 artigos quando pesquisaram a palavra chave “felicidade”. Resumindo, foram encontrados menos da metade do número de artigos sobre felicidade, comparativamente com o número de artigos sobre depressão.

A fim de discutir essa realidade Seligman e Czikszentmihalyi (2000), publicaram uma edição especial da American Psychologist, na qual enfatizaram que a Psicologia não produziu conhecimento suficiente sobre os aspectos virtuosos e as forças humanas. Nessa edição da revista, os autores indicaram as lacunas presentes nas investigações psicológicas e enfatizaram a necessidade de pesquisas sobre os aspectos positivos e saudáveis, como por exemplo: otimismo, esperança, emoções positivas, realização, engajamento, felicidade, talentos, pontos fortes, virtudes, forças de caráter etc.

Na última década houve uma grande expansão da Psicologia Positiva e um aumento substancial no número de publicações, cursos, seminários, congressos e prêmios relacionados com a área, encontrando-se este novo paradigma em pleno processo de crescimento.

A Psicologia Humanista foi a única corrente que procurou estudar os aspectos humanos saudáveis. No entanto, não produziu dados empíricos suficientes para dar força a uma visão mais positiva do ser humano. De acordo com Seligman e Csiksentmihalyi (2000) a falta de rigor metodológico e a inconsistência dos resultados produzidos pela Psicologia Humanista seriam os principais responsáveis pelo seu enfraquecimento.

Historicamente, Martin Seligman é considerado um dos fundadores (pais) da Psicologia Positiva e deve ser destacado por ter iniciado o estudo científico desta. No entanto, foi Abraham Maslow quem realmente cunhou o termo Psicologia Positiva ao usá-lo como título de um capítulo de seu livro “Motivação e Personalidade” (1954), sendo considerado o avô desta corrente.

1.2) Teorias:

Abordaremos a seguir duas propostas teóricas da Psicologia Positiva, bem como é possível empregar essas descobertas na vida diária.

Teoria da Felicidade Autêntica (Seligman, 2002)

Segundo Seligman (2002), a teoria da Felicidade Autêntica, propõe a investigação da felicidade segundo três elementos diferentes: emoção positiva, engajamento (flow) ou sentido. Cada um desses elementos pode ser definido e mensurado.

A emoção positiva (primeiro elemento) representa sentimentos como: prazer, alegria, entusiasmo, conforto, êxtase e sensações afins. Além das atividades intencionais (que consideramos uma boa forma de provocar as emoções positivas), existem atalhos fáceis para eliciar as mesmas, como assistir televisão, fazer compras etc. Seligman (2002) denomina vida agradável uma vida conduzida em torno desse elemento.

O segundo elemento, engajamento (flow), está ligado a uma posição de entrega, ou seja, entregar-se a uma atividade completamente, sem dar-se conta do tempo, perdendo a consciência de si durante uma determinada atividade. No estado de fluxo, a pessoa relata sentir-se fundida com o objeto. Neste estado, emprega suas forças pessoais (talentos, pontos fortes e virtudes) para envolver-se com o mundo. Para Seligman (2011) é importante identificar suas forças pessoais ou qualidades e aprender a utilizá-las frequentemente para entrar em estado de fluxo (engajamento). Seligman (2002) refere-se a uma vida centrada em torno deste elemento de vida engajada.

O terceiro elemento da felicidade é o sentido. A vida com sentido consiste em pertencer e servir a algo maior do que si mesmo. A humanidade encarregou-se de criar várias instituições que nos permitem isso, como: família, religião, movimentos sociais, ONG´S, partidos políticos etc. De acordo com Seligman (2002, 2011) as pessoas querem ter sentido e propósito na vida.

Resumindo, o tema da Teoria da Felicidade Autêntica (2002) é a felicidade. O padrão de mensuração é a satisfação com a vida e o objetivo desta teoria é aumentar a satisfação na vida. A felicidade possui três elementos: emoção positiva, engajamento e sentido. Cada um desses elementos contribui para a satisfação com a vida, sendo medido inteiramente por meio do relato subjetivo.

Florescer – Teoria do Bem-estar (Seligman, 2011):

Em 2011, Seligman reformula a teoria supracitada, criando a Teoria do Florescer.  Segundo Seligman (2011), o tema da Psicologia Positiva é o bem-estar, um construto composto por diversos elementos mensuráveis (emoção positiva, engajamento, sentido, relacionamentos positivos e realização).

Cada um desses elementos é real, pode ser medido e contribui para formar o bem-estar, porém nenhum dos elementos é definitivo. Sua nova teoria tem como principal critério de mensuração o florescimento, sendo o principal objetivo desta o aumento do florescimento. Este pode ser aumentado a partir do trabalho com a emoção positiva, o engajamento, o sentido, os relacionamentos positivos e a realização.

De acordo com Seligman (2011), diversos elementos contribuem para formar o bem-estar, sendo cada um desses elementos mensurável. Porém, esses elementos não são meras autoavaliações de pensamento, sentimento, do quanto se está engajado e do quanto de sentido se tem na vida.

Cada um dos elementos da Teoria do Florescimento possui as três características/propriedades, citadas abaixo:

1. Ele contribui para a formação do bem-estar.
2. As pessoas buscam cada um dos elementos por ele próprio, e não apenas para obter algum dos outros elementos.
3. Cada elemento é definido e mensurado independentemente dos outros elementos (exclusividade).

A seguir, discutiremos cada um dos elementos da Teoria do Florescimento (Seligman, 2011).

Emoção Positiva:

O primeiro elemento dessa teoria também é o primeiro elemento da Teoria da Felicidade Autêntica. As emoções positivas continuam representando a pedra angular da teoria, com a seguinte mudança: a felicidade e a satisfação com a vida, como medidas subjetivas, deixam de ser o objetivo de toda a teoria, sendo apenas um dos fatores incluídos sob o elemento da emoção positiva.

Engajamento (Estado de Fluxo):

O engajamento também foi mantido nesta teoria. Da mesma forma que as emoções positivas, este elemento pode ser medido subjetivamente, ao perguntarmos para a pessoa avaliada: você percebeu o tempo parar durante a atividade realizada?  Você ficou totalmente absorvido pela tarefa? Você perdeu a consciência de si mesmo durante a atividade? O pensamento e o sentimento em geral estão ausentes durante o estado de fluxo, sendo que este estado pode ser avaliado apenas de maneira retrospectiva.

Sentido:

Assim como o engajamento e a emoção positiva, o sentido foi mantido por Seligman na Teoria do Florescimento. Sentido refere-se a servir ou pertencer a algo que acredita ser maior que o Eu. Da mesma forma que os outros elementos, o sentido atende aos critérios estabelecidos por Seligman (2011) para ser considerado um elemento do Florescimento Humano.

Realização:

É buscada por si própria, surpreendentemente, mesmo quando esta não produz emoções positivas, sentido ou relacionamentos significativos. A vitória pela vitória, por exemplo, pode ser percebida na busca pela riqueza ou do prestígio. Assim, várias pessoas constroem suas vidas em torno do vencer. Para Seligman (2011), a sua nova teoria requer um quarto elemento: a realização, em sua forma momentânea, e a vida realizadora em sua forma ampliada.

A tarefa da Psicologia Positiva para Seligman é descrever, não prescrever, o que as pessoas efetivamente fazem para obter bem-estar. Desta maneira, o acréscimo deste elemento de modo algum endossa a vida realizadora, nem sugere que você deva se desviar de seu caminho para atingir o bem-estar.

Relacionamentos Positivos ou Significativos: pessoas são o melhor antídoto para momentos ruins e a maneira mais confiável para vivenciar bons momentos. Por outro lado, poucas atividades positivas são solitárias.

Na Teoria do Florescimento Humano (ou do Bem-estar), o bem-estar é um constructo, de acordo com Seligman (2011), o tema principal da Psicologia Positiva. O bem-estar possui cinco elementos, a saber: emoção positiva, engajamento (fluxo), sentido, realização e relacionamentos positivos.

Nenhum desses elementos isoladamente define o bem-estar, mas todos contribuem para ele. Alguns desses elementos podem ser mensurados apenas subjetivamente (como por exemplo, as emoções positivas), por meio do relato das pessoas, porém outros podem ser mensurados também de maneira objetiva (como: o engajamento, as relações positivas e realização).

O papel das forças pessoais ou qualidades é diferente na Teoria da Felicidade Autêntica. Nesta teoria, as 24 forças ou qualidades sustentam todos os cinco elementos, não apenas o engajamento. Ao utilizarmos mais as nossas forças ou qualidades obtemos mais emoções positivas, sentido, realização e melhores relacionamentos.

O bem-estar, de acordo com a Teoria do Florescimento, não pode existir apenas na cabeça das pessoas, este representa uma combinação entre sentir-se bem e, efetivamente, ter sentido, bons relacionamentos, realização, emoções positivas e engajamento.  O objetivo desta teoria é aumentar a quantidade de florescimento na vida das pessoas e do planeta.

1.3) Aplicações da Psicologia Positiva no Cotidiano:

Abordamos no presente artigo o movimento da Psicologia Positiva, bem como duas importantes teorias propostas por Selingman (2002; 2011). A seguir discutiremos algumas aplicações práticas da Psicologia Positiva no dia-a-dia, com o objetivo de potencializar o bem estar. Para este fim vamos utilizar alguns elementos da Teoria do Florescimento Humano.

Atualmente já é possível entender o que é bem-estar, como mensurá-lo, como atingí-lo e mantê-lo por mais tempo, de maneira mais científica do que empírica. Sendo assim, estratégias que beneficiam seu alcace já foram sugeridas por alguns pesquisadores e cientistas como Martin Seligman da Universidade da Pensilvânia; Sonja Lyubomirsky da Universidade da California; Mihaly Csikszentmihalyi do Quality of Life Research Center (QLRC) entre outros.

Emoções Positivas: 

O cultivo das emoções positivas pode colaborar para amenizar efeitos de emoções negativas, interferindo assim, positivamente sobre a vida social das pessoas através do melhoramento das interações sociais.

Emoções positivas constroem e reforçam forças pessoais, criam bons hábitos mentais, constroem e solidificam relações significativas e melhoram a saúde física. Elas reduzem os níveis de hormônios ligados ao estresse e liberam mais dopamina e opiáceos (Fredrickson, 2009).

Segundo Fredrickson (2009), emoções positivas criam uma espiral ascendente de emoções positivas, ou seja, experiências de emoções positivas ampliam repertórios de pensamento-ação momentâneos, construindo recursos pessoais duradouros,  as pessoas e gerando espirais ascendentes.

De acordo com os resultados da pesquisa de Lyubomirsky, Ken e David em 2008, a felicidade das pessoas é atribuída 50% a fatores decisivos genéticos, 10% a circunstância de vida (se somos casados ou solteiros, bonitos ou feios, temos casa própria ou alugada e assim por diante) e 40% ao nosso comportamento, ou seja, o que fazemos em nossa rotina diária e como pensamos. Sendo que, não temos controle sobre nossa herança genética nem sobre as circunstâncias da vida, logo, precisamos trabalhar arduamente em estratégias para manter os 40% que dependem de nós (solução dos 40%). Isso significa que podemos aumentar a frequência e intencidade de nossas emoções positivas par melhorar nosso bem estar. A seguir, algumas exercícios para este fim:

Exercício: Inoculação de Emoções Positivas

Durante uma semana, inocule emoções positivas em outras pessoas (utilize as dez emoções positivas citadas acima), fique atento às emoções experimentas enquanto realiza o exercício. A seguir preencha a tabela abaixo.

Rath e Clifton (2005) desenvolveram a metáfora do balde e da concha. Segundo os autores, possuímos um balde que enche ou é esvaziado, dependendo do que os outros nos dizem e/ou fazem. Possuímos uma concha utilizada para encher ou esvaziar os baldes alheios e os nossos. Quando enchemos os baldes alheios (dizendo ou fazendo algo reforçador de emoções positivas) enchemos o nosso balde também.

            Experiências negativas solapam o bem-estar e a produtividade. Experiências positivas compensam ou neutralizam o efeito das experiências negativas. Positividade faz aumentar o nível de reciprocidade e harmonia entre os colegas de trabalho.

A Negatividade é extremamente contagiosa. Basta uma ou duas pessoas para envenenar o ambiente de trabalho. É fácil desabar quando estão esvaziando nossos baldes (negatividade).

Exercício: Você está Enchendo ou Esvaziando o Balde das Pessoas a sua Volta?

Durante duas semanas faça um registro e observe se está enchendo ou esvaziando o balde das pessoas a sua volta. Quando falar ou emitir um comportamento eliciador de emoções negativas, você estará esvaziando o balde de seu interlocutor. Ao demonstrar carinho, gratidão, interesse ou ao fazer elogio, estará enchendo o balde do outro.

• Engajamento (Cultivar o Estado de Fluxo):

O fluxo é um estado onde não sentimos o tempo passar, pois estamos extremamente envolvidos em uma atividade prazerosa. De acordo com Csikszentmihali (1999), existem três componentes responsáveis pelo estado de fluxo: 1) meta ou objetivo bem definidos; 2) exercício de um talento ou ponto forte previamente adquirido, com um nível de esforço ligeiramente acima do habitual; 3) obtenção de feedback (do mundo e das outras pessoas) imediato. O engajamento ocorre quando estamos envolvidos ou trabalhando em nossas verdadeiras metas (ou seja, metas baseadas e alinhadas com nossos valores). Neste estado não sentimos cansaço, e às vezes nem sono e fome.

Exercício: Atividades que nos fazem perder a noção de Tempo

Quais são as atividades onde você perde a noção de tempo?

Exercício: Atividades desafiadoras

Quais são as atividades desafiadoras que poderiam gerar o estado de fluxo?

Talento ou Ponto Forte	Atividade que pode gerar fluxo

            Na próxima semana procure praticar estas atividades. Observe o que ocorre com o seu estado de ânimo.

• Realização:

Esta é buscada por si própria, surpreendentemente, mesmo quando esta não produz emoções positivas, sentido ou relacionamentos significativos. A vitória pela vitória, por exemplo, pode ser percebida na busca pela riqueza ou do prestígio. Assim, várias pessoas constroem suas vidas em torno do vencer. Para Seligman (2011), a sua nova teoria requer um quarto elemento: a realização, em sua forma momentânea, e a vida realizadora em sua forma ampliada.

Afim de trabalhar a realização em sua forma ampliada a pessoa pode buscar alcançar metas, objetivando potencializar o bem estar por meio do trabalho com a realização.

Exercício: Avaliando Benefícios e Vantagens de Alcançar Metas

Este exercício objetiva avaliar as vantagens e benefícios de alcançar determinadas metas, auxiliando a manter a motivação, a trabalhar com as metas de curto e médio prazo, levando a pessoa a alcançar suas metas de longo prazo. 

De acordo com Sienger (2005), é importante entender quais são os benefícios de alcançar metas, pois esses constituem os estímulos para o sucesso em longo prazo e ajudam a manter-nos seguindo sempre em frente, mesmo nos períodos difíceis.

Como explicado, escrever as vantagens e benefícios de se alcançar determinada meta ajuda-nos a nos motivar durante os tempos difíceis ou quando ficamos desmotivados. Desta maneira, se as coisas ficarem difíceis em um dado período retorne à sua lista de vantagens e benefícios. Por exemplo, se você tem como meta obter uma promoção e a situação está difícil, pegue sua lista de benefícios e conquistas e lembre-se das recompensas a serem colhidas ao alcançar sua meta. Se quiser tornar essa técnica mais poderosa, visualize-se alcançando todos os benefícios e vantagens relacionadas à meta.

Concentrar-se nos prêmios, vantagens e benefícios que obterá quando alcançar sua meta não garante o sucesso, mas fornece sentido à jornada para alcançar a meta de longo prazo. Segundo Sienger (2005), a principal razão pela qual muitas pessoas fracassam é o fato de perderem seus sonhos de vista.

Responda às perguntas abaixo:

Por que você quer alcançar essa meta?

Quais são os benefícios e as vantagens que obterá ao alcançá-la?

Sentido:

Sentido refere-se a servir ou pertencer a algo que acredita ser maior que o Eu. Da mesma forma que os outros elementos, o sentido atende aos critérios estabelecidos por Seligman (2011) para ser considerado um elemento do Florescimento Humano.

Muitas pessoas não sabem o que é uma proposta de vida e chegam ao final do ciclo vital sem saber. Percebem nos últimos estágios da vida nunca terem encontrado o seu propósito e, neste momento, lamentam (Sieger, 2005).

Para Seligman (2003; 2011), esta realidade está mudando. As pessoas, agora mais do que nunca, estão preocupadas em encontrar um significado para suas vidas. Os indivíduos estão começando a se voltar para o florescimento, não mais para a mera sobrevivência, voltada exclusivamente para a remediação de problemas (Seligman, 2011).

Sua próxima tarefa é escrever uma declaração de sentido ou uma proposta de vida. Essa pode ser uma sentença com duas ou três palavras, bem como pode ser escrita na forma de uma carta, canção ou poesia, se preferir.  Não importa se sua declaração é curta ou longa, ela precisa definir claramente o que é fundamental para você. Ao redigir a sua declaração de sentido, sugerimos que:

1. Seja representativa do que há de mais profundo e de melhor em você.
2. Pense na realização do que sabe e faz melhor.
3. Baseie-se no que pode contribuir para o mundo e para as outras pessoas. Além disso, considere a sua autorrealização e felicidade pessoal, pois se você estiver bem e feliz poderá contribuir mais e melhor para a vida das outras pessoas.
4. Envolva todos os papéis principais e significativos em sua vida, procurando equilibrar os mesmos.
5. Considere os seus valores.
6. Avalie o que há de comum entre as suas metas, considerando as principais áreas de sua vida.
7. Finalmente, ela deve inspirá-lo, e não ser algo artificial formulado para impressionar as outras pessoas.

Relacionamentos Positivos:

As relações positivas também constituem um elemento do modelo da potencialização do bem viver. Em geral, as pessoas sentem-se mais seguras, felizes e alegres, sentem-se bem quando estão em contato com pessoas bem quistas. As relações positivas não se limitam apenas às relações mantidas com o grupo familiar, e sim com amigos que muitas vezes representam o “grupo familiar” escolhido por nós. O treinamento em habilidades sociais (THS) pode ajudar-nos a selecionar, desenvolver e manter relacionamentos sociais saudáveis e positivos, capazes de nos apoiar no processo de desenvolvimento e crescimento pessoal. Pessoas socialmente hábeis ou com competência social tendem a apresentar relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras, além de maior bem-estar físico e mental (Del Prette e Del Prette, 2004). Para desenvolver relações positivas experimente praticar as seguintes atividades.

Exercício: Praticando Gestos de Cortesia

Procure praticar na próxima semana, pelo menos durante três dias, um gesto de cortesia que surpreenda as pessoas à sua volta.

Você pode deixar alguém passar a sua frente na fila do Banco ou do supermercado, escrever um bilhetinho para uma pessoa querida ou para alguém a quem não costuma escrever habitualmente, dar um bombom ou fazer um elogio à sua secretária ou a um empregado etc.

Em seguida, preencha a tabela abaixo, procurando verificar a influência desses gestos nas suas emoções.

Data e Hora	Gesto de Cortesia	Emoção/Sentimento	Intensidade da Emoção/Sentimento 1 a 10

 Exercício: Reforçando Laços Afetivos

            Procure utilizar as estratégias sugeridas por Lyubomirsky (2008) para reforçar suas amizades no próximo mês.

            Faça um registro de observação dos seus sentimentos e comportamentos, bem como da pessoa escolhida para reforçar laços afetivos.

Data e Hora	Minhas Emoções/Meus Sentimentos	Meu Comportamento	Emoções e Sentimentos do Outro	Comportamento do Outro

Segundo Lyubomirsky (2008), a relação causal entre as relações sociais e a felicidade é bidirecional, isto é, amigos e parceiros amorosos fazem o indivíduo feliz o que também significa que indivíduos felizes têm uma probabilidade maior de conquistarem mais amigos e parceiros amorosos.

Apresentamos neste artigo a Psicologia Positiva e duas teorias dessa nova abordagem. Finalmente sugerimos exercícios para que o leitor aplique a Psicologia Positiva no seu dia-a-dia aumentando o bem estar.

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Por: Profa. Dra. Mônica Portella (Doutora em Psicologia pela UFRJ; Pós Doutora em Psicologia pela PUC-Rio; Cordenadora do curso de Pós Graduação em Psicologia Positiva: uma Integração com o Coathing e Diretora do PSI+ Consultoria e Educação)

Referências Bibliográficas:

Fredrickson, B. (2009) Positividade: descubra a força das emoções positivas, supere a negatividade e viva plenamente. Rio de Janeiro: Rocco.

Paludo, S. S. & Koller, S. H. (2007). Psicologia Positiva: Uma nova abordagem para antigas questões. In: Padéia, 17 (36) 9-20.

Portella, M. (2011). A Ciência do Bem Viver – Propostas e Técnicas em Psicologia Positiva. Rio de Janeiro: CPAF-RJ Editora.

Seligman, M. (2009) Felicidade Autêntica: usando a nova Psicologia Positiva para a realização permanente.Rio de Janeiro: Objetiva.

Seligman, M. (2011) Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem estar. Rio de Janeiro: Objetiva.